Um reflexo do contingenciamento de verba para as instituições federais de ensino chegou aos Restaurantes Universitários (RUs) da Universidade Federal Santa Maria (UFSM). Nesta segunda-feira, os recipientes que antes ofereciam sucos aos usuários do serviço apenas ofertavam água. Esta foi a primeira medida que a universidade encontrou para reduzir custos.
No primeiro dia sem suco, as opiniões ficaram divididas. O estudante de Agropecuária Leandro Somavilla, 20 anos, diz que gosta de beber algo enquanto almoça ou janta desde que não seja água. Contudo, ele entende que o RU é um facilitador aos estudantes, principalmente aos que têm Benefício Socioeconômico (BSE), como ele.
- O pessoal não tem tempo de ir em casa, fazer almoço, comer e ainda deixar tudo limpo para depois voltar para aula. Sem falar que o gasto vai ser muito maior, com comida, com gás, eletricidade. É complicado - avalia o jovem.
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Assim como Leandro, outros alunos preocupam-se com o futuro do restaurante, já que a administração anunciou que há possibilidade de não servir mais todos os usuários a partir do próximo mês, garantindo o serviço apenas para alunos com BSE até o final do ano. A doutoranda Paula Severo, 28, diz que, com o RU, paga R$ 2,50 por refeição, e se fosse almoçar em outro lugar gastaria, no mínimo, R$ 15 por dia no almoço.
O mesmo ocorre com a estudante de História Jéssica da Silva, 21 anos, que pega dois ônibus para ir até o campus de Camobi e mais dois para voltar para casa.
- O tempo não dá para ir em casa, almoçar e voltar. Sem falar nos custos. Isso é retirar direitos dos estudantes - diz Jéssica.
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Coordenadora do Diretório Central do Estudantes (DCE), Isadora Barrios, diz que a entidade planeja uma assembleia para debater o assunto com outros setores da UFSM. O DCE avalia esse e outros cortes como "descaso". Isadora comenta que as pessoas não entendem que este primeiro corte é um alerta, já que "hoje pode o suco, amanhã pode ser o feijão, ou amanhã pode ser o próprio restaurante a ser cortado".
ADMINISTRAÇÃO
A diretora do Restaurante Universitário, Vanessa Medina, conta que há um estudo sobre como servir as refeições até o final do ano e confirma que talvez apenas os alunos com BSE poderão usar o RU. Mas reforça que são estratégias para garantir a permanência de alunos na instituição, principalmente dos que apresentam menos condições financeiras.
- Isso não é uma decisão da Vanessa, ou do reitor, ou da Pró-Reitoria tal. É uma solução para manter tudo em funcionamento. Se seguirmos servindo as 8 mil ou 9 mil refeições que servimos por dia, a partir de outubro, não conseguiremos mais servir ninguém. Mas isso é tudo uma possibilidade, pode ser que alguma verba venha para universidade, pode ser que apareça alguma outra solução, estamos aguardando - diz Vanessa.
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NÚMEROS
De acordo com a diretora do Restaurante Universitário, Vanessa Medina, são:
- São servidas de 8 mil a 9 mil refeições por dia, em Santa Maria
- Nesses números, estão incluídos café da manhã, almoço e janta
- O almoço é o período mais movimentado para o RU, sendo, em média, 6 mil refeições
- De janeiro até agora, os Restaurantes Universitários de Santa Maria serviram cerca de 1 milhão de refeições
- Estudantes com Benefício Socioeconômico (BSE) não pagam pelas refeições
- Cerca de 4,3 mil alunos tem BSE na UFSM
- Os demais alunos têm o custo de R$ 2,50 por refeição
- Visitantes, servidores e professores da UFSM pagam R$ 9,40 por refeição
- Com a medida, a expectativa é economizar cerca de R$ 800 mil, até o final do ano, entre os três RUs de Santa Maria
HISTÓRICO
- O primeiro Restaurante Universitário foi inaugurado há 56 anos, no prédio da Antiga Reitoria
- O RU era administrado por um serviço terceirizado
- Há 35 anos, a gestão do local passou a ser feita pela própria UFSM
- Hoje, são três restaurantes universitários em Santa Maria: dois no campus de Camobi e um na antiga Reitoria
- Os campi em Cachoeira do Sul, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões também possuem RUs